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A combinação de seca e geadas no Brasil que afeta preço do café e açúcar

Extrema seca desde o ano passado e geadas no centro-sul do Brasil neste inverno fizeram fazendeiros perderem parte das lavouras de cana-de-açúcar e café; consumidor sentirá no bolso



Em noites muito frias, quando a temperatura do ar chega a zero, uma fina camada branca de orvalho congelado recobre a relva. Geadas assim, como as vistas no Brasil recentemente, podem decidir o destino de plantas.


Para fazendeiros, não é um prognóstico bom.


"Foi difícil ir lá nos dias seguintes acompanhar o que estava acontecendo, ver como a geada havia atingido nossos canaviais", diz a produtora rural Christina Pacheco, presidente da Associação de Fornecedores de Capivari, São Paulo, onde ela é proprietária de uma fazenda de cana-de-açúcar de 320 hectares.


Isso porque o gelo pode congelar e matar a planta por dentro. E não afeta só a safra atual; a seguinte também pode ficar comprometida.


Foram três ondas de geadas neste inverno brasileiro logo após um longo e extremo período de seca. Péssima notícia para os plantadores de cana-de-açúcar e de café. Péssima notícia para o bolso dos consumidores também.


"A gente nunca tinha visto geada assim nos últimos 40 anos de história de cana nessa propriedade", diz Pacheco. "Com as geadas, as plantas foram para a estaca zero."


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Safras de cana-de-açúcar


A cana cresce com temperatura, umidade e calor, explica Denis Arroyo Alves, diretor executivo da Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil).


"Quando você tem temperaturas baixas, o crescimento é interrompido", explica ele.


"A alternativa das empresas é colher essa cana o mais rápido possível independentemente se estava no estágio ou não de colheita", diz o diretor técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Antonio de Padua Rodrigues.


Isso significa que a cana estará menor, com menos quantidade de açúcar, algo pior para o produtor - as usinas fazem pagamento de acordo com a quantidade de açúcar que conseguem transformar da cana.


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À medida que as situações ruins foram acontecendo, o mercado foi precificando o açúcar, diz Plinio Nastari, presidente da consultoria agrícola Datagro. "Estava seco, ia ter menos oferta. Continuou seco, menos oferta ainda. Veio a geada, menos ainda."


Os preços, segundo ele, estão muito elevados. "O preço do açúcar que normalmente é R$ 60, R$ 70 a saca, nesse momento está R$ 115. E o preço do etanol, que normalmente é de R$ 2,15 por litro ao produtor, está negociado a R$ 3,10."


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Café


As lavouras que foram muito atingidas perderam todas as folhas. Sem elas, não podem fazer fotossíntese e crescer. Isso quando a geada não matou a planta completamente.


De qualquer forma, só na época das chuvas, a partir de setembro, é que os produtores poderão ver como as plantas vão reagir e mensurar o tamanho do estrago.


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O Brasil é segundo maior consumidor de café no mundo e o principal exportador. Vietnã e Colômbia vêm atrás.


Mas com a seca e geadas no Brasil, protestos políticos na Colômbia que atrasaram exportações, além do transporte mais caro de commodities, com fluxo de navios e contêineres mais difícil por causa da pandemia de covid-19, os preços do café devem ficar lá em cima também para outros mercados consumidores do mundo.



Para ver a matéria completa acesse: https://www.bol.uol.com.br/

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